A primeira constatação, consensual entre os players do mercado, aponta para o descumprimento das obrigações contratuais, especialmente nos quesitos de investimento, pela atual concessionária, a Naturgy. A presidente da empresa, Katia Repsold, admite a redução de 43,82% nos últimos três anos. Mas transfere a responsabilidade para a Agência Reguladora de Energia e Saneamento, que, por sua vez, refuta a acusação, alegando que a empresa sequer apresentou um cronograma de investimentos no prazo contratual estabelecido.
O Secretário Estadual de Desenvolvimento, Lucas Tristão, afirma que o baixo investimento da Naturgy vai determinar inevitavelmente uma redução da tarifa na próxima avaliação de preços quinquenal. Uma justa medida de caráter punitivo à empresa concessionária, mas não suficiente para destravar os nós que emperram o setor no estado.
A crise do mercado de gás no Rio não decorre exclusivamente da ineficiência da Naturgy. A metodologia de cobrança do transporte nos dutos não prevê distinção entre as distâncias percorridas. Assim, a Petrobrás cobra para levar o gás a uma empresa em Campos, ao lado dos campos de produção, o mesmo valor de outra instalada, por exemplo, em Pernambuco. Segundo a ANP, isto vai mudar: em breve o critério levará em conta variações em função do quilômetro transportado, beneficiando o Rio, estado produtor.
A frágil regulação do preço do gás natural é outro fator a contribuir para instabilidade das operações, retirando a competitividade do produto. De 2016 a 2018, houve um abusivo aumento de 98% no gás natural. Somente nos últimos doze meses, o acréscimo foi de 25%. Enquanto outros combustíveis, como diesel, gasolina e óleo combustível, tiveram redução de mais de 10 %.
A escalada do preço, sem correspondência na realidade de crise da economia nacional, tira competitividade da indústria fluminense que utiliza o gás como matéria prima ou fonte de energia. Atualmente, essas empresas geram cerca de 40 mil empregos, parte deles ameaçada pelo descontrole da política de preços.
Corrigir distorções desta natureza, aperfeiçoar o controle sobre a qualidade dos serviços e reduzir o preço final do gás ao consumidor são os nossos objetivos centrais. As primeiras informações recolhidas pela CPI já mostram que estamos no caminho certo na defesa do interesse público e do cidadão fluminense.
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