O Pentágono negou nesta quinta-feira as informações de que a Casa Branca pediu, por ocasião da recente visita de Donald Trump ao Japão, que um navio americano batizado com o nome do falecido senador John McCain, rival do chefe de Estado, fosse mantido fora da vista do presidente.
“Jamais autorizei nem aprovei nenhuma ação ou movimento de qualquer tipo em referência a este navio”, afirmou o secretário interino de Defesa, Patrick Shanahan, que está na Ásia.
“Além disso, jamais teria desonrado a memória de um grande patriota como John McCain”, declarou Shanahan no avião que o levava a Singapura, onde participará em uma conferência regional sobre Defesa.
O Wall Street Journal informou que o nome do destroier lança-mísseis “USS McCain”, danificado em uma colisão em 2017, foi ocultado temporariamente após um pedido da Casa Branca.
“O ‘USS John McCain’ precisa ficar fora da vista”, afirmou o e-mail de um comandante militar americano, ao qual o jornal teve acesso, antes da viagem presidencial.
Em reparos na base americana de Yokosuka, onde Trump pronunciou um discurso na terça-feira a bordo de outra embarcação, o navio em questão estava em uma posição de difícil deslocamento.
O nome foi então escondido por uma lona e os marinheiros liberados por um dia, informa o Wall Street Journal, que cita fontes que acompanharam o caso.
A lona foi retirada por uma razão desconhecida e uma embarcação foi deslocada para bloquear a visão do navio.
“Todos os navios conservaram sua posição habitual durante a visita do presidente”, afirmou à AFP um porta-voz da 7ª Frota, antes de indicar que as fotografias que mostram a lona foram feitas antes da chegada de Donald Trump.
“Não fui informado de nada que tenha a ver com o navio da Marinha ‘USS John S McCain’ durante minha recente visita ao Japão”, reagiu o presidente no Twitter na quarta-feira à noite.
Shanahan, acusado pelo WSJ, afirmou em um primeiro momento, por meio de um porta-voz, que “não estava a par da ordem de deslocar o “USS John S. McCain”, nem das razões que motivaram a ordem”.
Questionado em Jacarta durante um encontro com a imprensa, ele negou que estivesse a par. “É a primeira vez que ouço falar sobre isto. Tenho que me informar um pouco más”, disse.
Ele retornou ao tema depois de deixar Jacarta e afirmou que “nunca teria faltado com o respeito aos homens e mulheres da tripulação deste navio”.
O secretário disse que ordenou a seu chefe de gabinete uma investigação sobre o caso. “Os militares devem fazer seu trabalho e seu trabalho é não interferir na política”, completou.
Donald Trump e John McCain nunca esconderam o desprezo mútuo. O milionário, isento do serviço militar, ironizou em 2015 o status de herói da guerra do Vietnã do falecido senador, que foi prisioneiro e torturado durante cinco anos.
Figura respeitada da política americana, McCain retirou seu apoio à candidatura de Trump na eleição presidencial de 2016.
McCain faleceu, vítima de câncer cerebral, em 25 de agosto de 2018 aos 81 anos. Ele fez questão de anunciar que não desejava a presença de Trump em seu funeral.
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