segunda-feira, 29 de abril de 2019

O dia a dia de um imperador do Japão

Do café da manhã ritual do Ano Novo até as cerimônias xintoístas de fim de ano, passando por uma infinidade de atos, os imperadores do Japão têm uma agenda cheia e trabalham quase todos os dias.

– Tarefas nacionais –

Em virtude da Constituição de 1947, o imperador não tem poder de decisão, mas desempenha vários trabalhos. Sem ser Chefe de Estado, ele tem que cumprir com as atribuições protocolares do cargo.

É quem oficializa a nomeação do Primeiro-ministro, dos membros do governo e do presidente do Supremo Tribunal.

Abre as sessões parlamentares, promulga as leis e tratados, se encarrega das condecorações e recebe as cartas credenciais dos embaixadores.

Assina a cada ano cerca de mil documentos e, segundo a Agência da Casa Imperial, se interessa pelo conteúde de cada um deles.

As visitas de Estado só são classificadas assim quando incluem um encontro com o imperador. Os banquetes para os Chefes de Estado estrangeiros, jantares ou reuniões com dignatários de visita ao país acontecem no palácio imperial.

– Recepções e cerimônias –

O imperador e a imperatriz presidem centenas de cerimônias, recepções, espetáculos, almoços, lanches e jantares ao longo de todo o ano, levando ao palácio muitas pessoas de horizontes distintos.

Também recebem um pequeno comitê de investigadores, o governador do Banco do Japão (BoJ), representantes de círculos econômicos ou de ONGs, assim como cooperadores.

Os membros da família imperial não têm direito a emitir opiniões em público que possam ser interpretadas politicamente.

O imperador deve cumprir com ritos xintoístas, principalmente com sessões de oração pelos antepassados da família imperial no santuário do palácio. Os soberanos oram também pela felicidade e o bem-estar do povo.

– Visitas e viagens –

O imperador e sua esposa fazem pelo menos três viagens por ano pelo interior do Japão. E visitam quase sistematicamente lugares de catástrofes naturais para consolar os atingidos.

Entre 2012 e 2016 assistiram a homenagem nacional às vítimas do tsunami de março de 2011.

A Constituição lhe concede a função de “símbolo do Estado e da unidade do povo” que segundo o imperador Akihito implica em reconfortar as pessoas. Dias depois do acidente nuclear de Fukushima ele pronunciou um discurso solene transmitido pela televisão.

O imperador e a imperatriz visitaram até agora mais de 500 estabelecimentos para crianças, idosos e deficientes no país. A cada ano assistem a festivais como o do esporte, da árvore e do mar.

– Lazer e tradições –

O casal gosta de compar a “waka” (uma forma clássica de poesia que remonta o século VIII), uma tradição da família imperial.

Em janeiro o imperador organiza no palácio leituras de poesia tradicional do Ano Novo.

Assim como seu pai Hirohito (também chamado de imperador Showa, nome da era de seu reino), o imperador Akihito, que herdou o trono em 1989, planta e colhe arroz no palácio imperial. É um apaixonado pela ciência e já publicou vários artidos em revistas especializadas.

A imperatriz Michiko é pianista e amante da música. Com a ajuda de empregados da Agência da Casa Imperial, cria bichos-da-seda no centro de sericicultura do palácio. Parte da seda produzida é usada para restauração de telas de valor histórico conservadas pela família imperial em Nara, a antiga capital do Japão, desde o século VIII.

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