Desde que os 24 andares do Edifício Wilton Paes de Almeida ruíram em chamas na madrugada do dia 1º de maio de 2018, o Largo do Paiçandu, no centro de São Paulo, vive repleto de cicatrizes. O terreno do prédio, que já foi sede da Polícia Federal, virou um amontoado de entulhos, mal escondidos detrás de tapumes, em pleno centro de São Paulo. Mesmo passado um ano da tragédia, o destino do local segue incerto.
Encravado na esquina da Rua Antônio de Godói com a Avenida Rio Branco, o terreno pertence à União e foi cedido à Prefeitura de São Paulo. A Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SCGPU), por meio do Ministério da Economia, pretende solicitar a revogação da guarda provisória – ou seja, pedir a área de volta. O órgão até já diz elaborar “um estudo de possíveis destinações para o terreno”.
Por sua vez, a gestão Bruno Covas (PSDB) pretende manter a ideia anunciada logo após o desabamento: construir um edifício de moradia social, mas com uma mudança. Os ex-moradores não terão mais prioridade para viver na unidade, como chegou a ser dito na época.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o secretário municipal de Habitação, Aloísio Pinheiro, afirmou desconhecer a intenção da União de retomar o imóvel e que não recebeu um “comunicado formal” sobre o cancelamento. “Para mim, está tramitando para a transferência da área para a Prefeitura”, diz. “Depois da queda do prédio, houve o pedido formal (da posse). Tinha um compromisso, que precisa ser formalizado.”
Segundo Pinheiro, o entulho teria sido mantido no terreno justamente para assegurar que não houvesse nova invasão. “Assim não permite construção de acampamento”, diz.
Entorno. O desabamento do chamado prédio de vidro atingiu outras duas edificações. Colada muro com muro, a Igreja Martin Luther está, há um mês, em restauro e reconstrução. A obra, na melhor das hipóteses, deve ser concluída em 2020.
O outro vizinho, o Edifício Joamar, ainda hoje tem as paredes marcadas pelo pretume do incêndio. Está quase totalmente desocupado, em reforma. O zelador de lá, Josimar Lopes de Lima, de 49 anos, lembra bem da madrugada do dia 1.º, em que acordou com os estalos de vidros espatifando no prédio do outro lado da rua.
Foi a esposa quem ligou para os bombeiros, segundo conta, enquanto ele tentava atenuar o fogo, atirando água pela janela com uma mangueira. “Os bombeiros chegaram, tocaram a campainha e mandaram pegar a minha família e descer”, relata. “Uns 20, 30 minutos depois, o prédio (da frente) caiu.”
Com a pressa, Lima não conseguiu achar o gato Ninho, cujo corpo somente foi localizado quatro dias depois. “Peguei só uma pastinha com os meus documentos e saí assim, de chinelo, bermuda e camiseta.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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