quarta-feira, 1 de maio de 2019

Com ou sem experiência, falta trabalho

A busca por uma oportunidade de trabalho fez desempregados formarem uma longa fila, de dobrar o quarteirão, desde a madrugada de terça-feira no Maracanã, zona norte do Rio. O cadastro de currículos é uma ação da ONG católica Gerando Vidas que acontece há 22 anos, na sede do Sinttel-Rio, sindicato dos trabalhadores em telecomunicações. O coordenador da entidade, Paulo Vasconcelos, estimou que desta vez a ação deveria atrair 2 mil pessoas.

Estavam sendo oferecidas 970 vagas nas mais diversas atividades. Por volta do meio-dia, a fila tinha 350 metros, terminando a três minutos de caminhada de uma das unidades do IBGE. Pela manhã, o órgão informou que a taxa de desocupação ficou em 12,7% no primeiro trimestre, com 13,387 milhões de desempregados em todo o País.

A técnica em enfermagem Juliana Leite da Silva, de 24 anos, entrou na fila por volta das 10 horas. Ela foi demitida em fevereiro, após trabalhar por um ano como atendente numa grande rede de varejo. Formada no curso técnico há cinco anos, Juliana ainda não conseguiu trabalhar para valer na área. A exceção foram dois meses numa prestadora de serviços de “home care”. Segundo ela, a falta de experiência é a maior barreira. “Os hospitais até chamam (para entrevista), mas fiquei por pouco tempo na empresa de home care”, afirmou a técnica em enfermagem.

Experiente. Já o técnico em eletrônica Hélio Cesar Freire, de 63 anos, relata barreiras pelo excesso de “experiência”. Com 25 anos de carreira, o técnico já trabalhou com instalação, manutenção e suporte de equipamentos de informática – teve também uma loja de instalação de antenas parabólicas, nos anos 90. “A partir dos 50 anos, você entra em descrédito total”, afirmou Freire, que também entrou na fila por volta das 10 horas.

Em outubro passado, Freire e mais 650 funcionários foram demitidos de uma operadora de telemarketing. Por quatro anos, ele trabalhou com atendimento de suporte de informática. Com duas faculdades, em sistemas de informática e em engenharia de computação, Freire, que mora sozinho e tem três filhas adultas, quer um novo emprego para colocar as contas em ordem e retomar os cursos – um deles é financiado pelo Fies, e o técnico já está com três prestações em atraso.

A Gerando Vidas – que também trabalha com evangelização e apoio a moradores de rua – organiza essas ações duas vezes por semana no Rio, oferecendo uma média de 1,3 mil vagas por semana. Segundo Vasconcelos, a busca por um emprego tem sido o dobro do número de vagas oferecidas. “De três ou quatro anos para cá, o desemprego explodiu. Ano passado, foi um caos, mas 2019 consegue estar pior.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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