O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden foi o principal alvo dos pré-candidatos democratas no debate realizado na noite desta quinta-feira, em Miami, pela indicação do partido às eleições presidenciais de 2020.
A senadora Kamala Harris, única mulher negra na disputa, citou o recente escândalo envolvendo declarações de Biden sobre seu trabalho no Senado com legisladores segregacionistas.
“Não acredito que você seja racista, mas foi duro escutá-lo falar das reputações de dois senadores dos Estados Unidos que construíram suas carreiras com a segregação racial”.
“Isto é uma descrição errônea do meu trabalho. Eu não elogiei racistas”.
Biden foi atacado também pelo congressista Eric Swalwell, que o condenou por “não passar a tocha” para uma nova geração de políticos.
“Ainda estou segurando a tocha”, respondeu o ex-vice-presidente de Barack Obama, que se apresentou como uma opção moderada e garantiu que sua principal missão será “restabelecer a alma do país” após os danos causados por Trump.
Biden disse que “Donald Trump nos colocou em uma situação horrível. Temos uma enorme desigualdade de renda”; e prometendo eliminar as reduções de impostos que o atual presidente concedeu aos mais ricos.
Trump “pensa que Wall Street construiu os Estados Unidos, mas foram as pessoas comuns, os americanos de classe média, estes sim construíram os Estados Unidos”, prosseguiu Biden, que lidera as pesquisas para a indicação democrata.
O senador socialista Bernie Sanders, segundo colocado na corrida, também voltou suas baterias contra o presidente, que chamou de “mentiroso patológico e racista”, que “enganou o povo americano durante sua campanha”.
“A saúde pública é um direito humano e não algo para se tirar proveito”, disse Sanders, derrotado em 2016 nas primárias democratas por Hillary Clinton.
Sanders pediu “coragem para enfrentar Wall Street, as seguradoras, os laboratórios, o Exército e a indústria de combustíveis fósseis”.
Pete Buttigieg, o prefeito gay de South Bend, Indiana, defendeu uma cobertura médica para todas as pessoas, inclusive os 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem nos Estados Unidos.
“Nosso país é mais saudável quando o povo tem saúde. O verdadeiro problema não são os 11 milhões de imigrantes sem documentos, mas sim um caminho para sua cidadania”.
Kamala Harris prometeu que se eleita devolverá imediatamente aos “dreamers” (jovens que entraram ilegalmente e foram criados no país) um status legal, e eliminará os centros de detenção para imigrantes.
Biden concordou que causa “indignação” que crianças confinadas não tenham pasta de dentes, sabonete e uma troca de roupa limpa nos centros para imigrantes, o maior dos quais reúne quase 3 mil menores, ao sul de Miami.
“Isto é um problema hemisférico”, disse Sanders, apoiando Biden na perspectiva de abordar o problema da crise migratória nos países de origem do êxodo.
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